O ônibus, o trator e a pedra de Drummond

Campinho- Jacarepaguá, Rio de Janeiro. O ônibus em fila com os outros no novo cotidiano paulistano de engarrafamento na cidade desmaravilhada. De repente a pista está diferente, bifurcada como não era. O motorista muda a marcha e acelera para fazer uma subida que não havia antes. Ela olha pela janela e engole as lágrimas como pode, tentando disfarçar seu irrelevante choro do ônibus super lotado. Antes não era pista bifurcada e não havia elevação. Também antes não havia escavadeiras de fazer mergulhão para gente alheia. No meio do caminho da obra tinha a casa dela. Ela nunca esquecerá deste acontecimento na vida de suas retinas ainda jovens. Nunca esquecerá que tinha um trator a caminho para derrubar as casas que estavam no caminho da obra. Ela nunca esquecerá que tudo aquilo desapareceu: precisa fazer este caminho todos os dias para trabalhar.