Sin ti para ver

   Era uma vez um jovem que decidiu por um instante aventurava-se no mundo de sombras, apesar de pertencer ao mundo de luzes. Por lá fez um achado interessante: uma jovem moradora daquele país onde a luz perdera-se no breu.
   Não via a jovem, mas podia ouvir sua voz suave, sentir o cheiro adocicado da pele macia que revestia o corpo sinuoso. Naquela voz ele ouvia histórias que jamais pensaram em existir para seus ouvidos.
  O jovem, ao retornar para as luzes, sentiu-se despedaçado, algo lhe faltava e mesmo sabendo o que, não sabia como. Pensando numa possível solução, voltou às sombras e tateando a mão da jovem cingiu-lhe o dedo com um anel e dizia que ela apreciaria mais o presente se o pudesse ver brilhar na luz das luzes, do que apenas sentí-lo.
  A jovem, recebeu o adorno com alegria, mas as palavras de seu devoto amante eram insistentes:
 >"Venha, vamos e verás."<
 Sabendo que o desejo dele era levá-la e mantê-la para sempre nas luzes, a jovem respondeu:
>"Se assim queres, ata-me a ti e capture-me para lá e ainda que minhas vistas se abrasem na luz, estarei contigo. Mas aqui nos encontramos e sentimos o outro."<
 O jovem a arrebatou dali e nunca mais a permitiu voltar às sombras. Por isto, quando há a penumbra acolhedora de um eclipse, ela sente saudades de seu mundo.