{O relógio e o grilo}

Dentro do relógio, uma orquestra executando a sinfonia, tão conhecida e temida, sem cessar- a menos que a bateria que lhe dá a vida se encerre. Cada nota perturba-me os tímpanos já fatigados pelo longo dia embalado por tantas outras sinfonias e vozes.
Sorrateiramente ouço um outro som que vem tirar-me o sono. A janela não o conteve e, então, o indefeso inseto juntou seu criquilar ao "tiquetaquear" do objeto inanimado.
Praguejo com meus botões e já estando mais desperta que antes, porém, mais cansada. A mente passa a castigar-me pela preguiça do meu corpo de levantar-se e tomar uma atitude em relação aos tais cantores noturnos.

Mente suja, mente malvada, mente pecadora, põe-se a produzir cenários e personagens agradáveis e proibidos. Mando-a silenciar-se a fim de permanecer em paz , pelo menos internamente. Distraio-me com planejamentos e projeções, mas a mente contra-ataca com pensamentos inocentes que involuem para maldades.
Logo, trato de me ocupar com questionamentos. Pergunto-me se não há um relógio com um som mais agradável. Intrigo-me com o canto incansável do grilo: Será que ele procura chamar a atenção d'alguma parceira? Quando ele finalmente a encontrará? Quando parará com esse barulho?

Maldito inseto! Deixe-me em paz! Canta proutro mato que este teu canto não agrada por aqui! Já ouvi grilos melhores cantores que tu. Portanto cala-te que tua causa é perdida!

No instante após esse, perguntei-me até quando ouvirei o relógio e o grilo sem levantar-me, mas dormi...


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bjO
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